COÇAM E SANGRAM!
Irineu
Lima de Albuquerque
Medo,
fobia, insanidade, loucura ou desequilíbrio?!
Tudo
parece virado quando acordo
Olho
para o teto do quarto e vejo o céu que perdi
Não!
Não era um céu
Era
o equilíbrio. Era o chão que pisava. E nele eu estava sóbrio, agora sou apenas
um
Néscio
Decrépito
e abandonado tenho comigo somente essa tosse disseminada
E
minha pele que coça e sufoca meus sonhos mais doces
Fui
um homem viril!
Agora
só restaram as caminhadas para o médico... Os remédios
Que
faço questão de esconder, para ninguém saber para que servem
E
vou sorvendo esse remédio-veneno
Que
às vezes faz mais mal do que bem
Hoje
estou deprimido, sinto dor, sinto pena de mim mesmo!
Sinto
raiva e sinto angustia. Sinto medo e sinto...
Muito
O
que sou agora?!
Viril
é que não!
Homem?
Que Homem? Sem predicados
Sem
libido! Sem ninguém!
Justamente
sem ninguém!
Não
que eu queira alguém para mim, só queria alguém para
Conversar
Jogar
o tempo fora e falar do que sinto
Amigos?!
Onde estão? Tive vários, Tive tantos
Nas
mesas dos bares, nos copos virados
Na
carreira do pó e no pico injetado
Onde
eles estão? Mortos, feridos, fudidos como eu?
Falidos,
fedidos, fechados
Feitos
furúnculos
Que
coçam e sangram. E coçam e sangram
Droga!
Eles
coçam e sangram!
Vocês
não veem?! Estou só
E
eles coçam e sagram!
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