quinta-feira, 25 de julho de 2024

 ESCRITOR


Hoje é um dia para ler e escrever... Como todos os outros, depende da vontade de cada um!

Todavia. hoje, Dia do Escritor! Ainda penso se realmente sou um!? Esses textos mau acabados, cheiro de erros e acertos!

Mas é bom experimentar!

Não importa se irão gostar ou rasgar!

Quem sabe uma carta manuscrita? Enviada com um 'eu te amo'. 

Que sabe um relatório? Um memorando?

Quem sabe você me diz que lindo e uma flor junto da carta!

E outro diz: refaz! Não está condizente com as norma da empresa!

É um escrito! Frases, palavras, nem sempre o que quero eu digo ou escrevo. 

Mas no final eu gosto!

Quem sabe você Viu!? Leu!? Rasgou!?

sexta-feira, 22 de março de 2024

Contos

Ontem a Universidade de Fortaleza - UNIFOR, completou 51 anos(1), e ainda dentro dos festejos de seus 50 anos, entregou a premiação bianual de Literatura. Participei com três contos. Participaram mais de 900 trabalhos, infelizmente não tive a graça de ter a minha inspiração premiada. Deixo meus parabéns para todos os participantes e aos 30 agraciados com a participação no livro editado pela instituição universitária.

Agora aqui, publico os contos inscritos no evento.

1. UNIFOR. Disponível em: <https://unifor.br/> Acesso em : 22 mar 2024.


NAQUELES DIAS

Hoje ao acordar senti um arrepio, desses que começa no pescoço e desce pela espinha e quase não tive coragem de pôr os pés nas sandálias, uma vontade imensa de deitar a cabeça no travesseiro e voltar a dormir. Todavia, a obrigação diária de cuidar de mim e da pessoa que escolhi viver, falou mais alto. São 04:30 h, o dia está só começando.

- Vamos lá! É hora de levantar ir ao banheiro para me preparar, em seguida café da manhã!

O ônibus estava mais lotado que o normal e como sempre acontece nesses dias, tive que fazer todo o percurso sem sentar, com o rosto quase enviado nas axilas de alguém, que também se esforçava para não perder o equilíbrio com os solavancos provocados pela pressa do motorista e seus freios bruscos que poderiam ser evitados.

- Finalmente cheguei, graças a Deus!

Pé direito depois do portão da fábrica, sinal da cruz e uma oração…

Paramentado para o trabalho. - Esqueci as luvas! - Volto correndo ao vestiário para pegar o equipamento no meu armário. - Não quero receber uma advertência! - Cruzo então com o meu chefe de sessão que me olha atravessado. - O que houve, penso! Não estou atrasado!

Linha de produção. Meu chefe, com cara de poucos amigos, avisa que recebeu orientação da administração superior que temos que aumentar a produtividade em 3%, a cada quinzena até o fim de ano. Caso contrário haveriam cortes de pessoal.

Todos alucinados e trabalhando feitos loucos, no pensamento, a possibilidade de uma IA assumir o posto atualmente ocupado por um ser humano que sua para sustentar a família.

Desequilíbrio, tombo. Cilindro de ar comprimido que balança. Pancada na perna esquerda.

Resultado… Enfermaria. Dor insuportável e pensamento que não para quieto. - O que vai ser de mim e da minha família?

Primeiros socorros recebidos e sigo em uma ambulância para um atendimento de emergência para engessar a perna.

Acidente de trabalho. Ao voltar terei estabilidade por doze meses. Uma dor que de certa forma compensará, mas não receberei os incentivos de produtividade.

Naqueles dias é melhor rezar e agradecer a Deus pela proteção, por não ter resultado em coisa pior e por meus colegas de trabalho estarem bem. Dos males o menor. Agora descansar em casa por, pelo menos, um mês. Avaliação médica e fisioterapia.

Agora vou curti os momentos com minha companheira e meu cachorro quer minha atenção.


NA SAÚDE E NA DOENÇA

Conviver com uma pessoa que apresenta transtorno de personalidade, com variação de humor ao correr do dia maior que o normal, e muitas vezes dando a impressão de se tratar de pessoas diferentes, no qual até esquece de ações e palavras que machucaram o outro… Seguido de algumas crises de ausência. É necessário muito equilíbrio emocional!

Assim tem sido a minha rotina no correr de quase seis anos. Era novembro de 2017 quando se desenvolveu o primeiro episódio. A todo momento eu sendo acusado de algo que nem sabia do que se tratava.

Vem cá! Bebe essa água, está com um gosto estranho! - Eu bebo um pouco da água e digo que para mim não tem nada de estranho. - Como não!? Café não tem gosto nem cheiro de café, a carne que eu como não é de gado, sabe lá Deus que carne é essa!?

Eu já ficando sem ação e sem saber o que dizer e sem entender o que se passava! Foram dias difíceis e inexplicáveis.

Uma semana depois ela passa por mim sem roupa, toda depilada, o que não era comum… Volta já vestida. - Viu só? Raspei tudo! - Respondo que ela tem que se sentir bem como achar melhor. E olhando para mim com um sorriso irônico comenta. - Ontem fui com minha irmã num médico amigo dela, para fazer um exame, para verificar com o que estou sendo envenenada.

Nesse momento meu pensamento deu mil voltas querendo entender o que ela quis dizer. - Precisei me depilar, já que uso química no cabelo, e era preciso cabelo sem agressão.

Ao anoitecer passa a se comportar ainda mais estranho, tudo que queria comer ou beber pedia que eu experimentasse antes, já impaciente e num tom mais elevado de voz perguntei o que ela estava insinuando. - Insinuando não, estou afirmando! Você quer me ver morta! Fico com essas dores na barriga e falta de ar insuportável! Quero ir para o hospital agora.

Troquei de roupa enquanto ela se arrumava e a levei para o hospital mais próximo. Na emergência gritava com as enfermeiras e médicos, dizendo que todos eram comprados por mim. - Você é amiguinho de todos aqui, por isso me traz para esse hospital toda vez, eles ficam dizendo que eu não tenho nada.

Pediu para ir à casa da irmã, já passava da meia-noite. Eu estava sem comer e a glicemia já estava baixa e isso me afetava, pois sou diabético. Já não raciocinava direito e não acertei o prédio da irmã. - Me leva para outro hospital! - Gritava ela. - Comentei que era melhor voltar para casa. - É faz isso! Você quer acabar comigo!

Antes de entrar com o carro na garagem ela desce e vai bater na casa dos vizinhos da frente. Já era por volta de três e meia da manhã. - Me chama um táxi para me levar pro médico, que ‘esse bosta’ não sabe me levar. - A vizinha desorientada e com sono, olha para mim sem entender nada e comenta que não conhece nenhum taxista. - Ela então vai para o vizinho da frente, e eu ainda mais desorientado com tudo. - Fulano! Me leva para o hospital tal que eu estou passando mal, e meu marido não sabe onde fica. - Fulano solícitou, mais estranhando a situação, diz que leva com o maior prazer, mas sem entender a situação.

No hospital mais exames e espera. Amanhece o dia e os resultados dos exames dizem que está tudo bem. - Você comprou esses aqui também! - Eu tento argumentar, mas ouço apenas mais gritos e distratos. Vai ao banheiro. Após quinze minutos não volta. Solicito a uma moça da recepção para verificar no banheiro se ela estava bem. - Senhor! Tentei abrir a porta mas não consegui, ela está deitada no chão. - Vou checar, e lá estava ela! No chão do banheiro se recusando a sair. Não teve médico, enfermeira, segurança que conseguisse argumentar, e não dava para forçar a porta, pois ela estava com a cabeça encostada na mesma.

Liguei para irmã médica, mas não consegui falar e a outra irmã que atendeu foi ao hospital e consegui convencê-la a levantar e ir para o apartamento dela. Chegando lá ela estava nervosa, alegando mil coisas contra minha pessoa. A irmã pediu que ela fosse deitar um pouco e descansar. Surtada, ficou nua no quarto, deitou no chão, urinou onde estava. Um pouco depois a outra irmã chegou, a médica. - Está surtada, tem que internar.

Em um terceiro hospital, após várias tentativas de conter para os exames ela se acalmou.

Veio o diagnóstico. Bipolaridade e sabe-se lá o que mais. Fazia uso de medicação para insônia, uma salada mista que ela abusou. E numa consulta com uma médica dermatologista, a mesma foi aconselhada a parar com as medicações, porque estava edemaciada, com pele seca…

Havia parado abruptamente com todos os remédios. Daí síndrome de rebote. Agravado com um quadro psicológico e revivendo memórias do passado.

Psiquiatra. Tratamento. Mais remédios.

Seis anos depois. Várias crises se seguiram. - Eu não sou louca, nem esquizofrênica para tomar esses remédios.

O pior paciente é aquele que não aceita a doença. Sofre quem está mais próximo, seguida de toda família. Muita tristeza e aperto no coração de todos.

A única coisa que salva é a oração. Fé em Deus e a esperança que a tudo melhore e que aceite a terapêutica. Na saúde e na doença! E a tristeza vai ficando.


DIFERENÇAS E SIMILITUDES

Jonas, menino, cresceu e aos poucos foi se transformando, aos dezoito anos começou a transição, passou a utilizar terapia hormonal para mudar de gênero. Agora aos vinte sete anos é Joana, graças a estrogenoterapia. Uma mulher transgênero com todos os direitos que a lei permite.

Catarina, menina, realizou o caminho inverso de Joana. Com o tratamento hormonal se tornou Carlos.

Violência e estupro no seu corpo, vocês vão ver eu vou pegar vocês!1 Nessa balada de faroeste viveram esses dois. Ilusões e desencontros. Brigas e reparações. Um mau trato aqui, outro acolá. Quimeras e axiomas. “Duas vidas divididas… Fica o feito e o desfeito, o carinho e o cuidado.2 Até então nunca se encontraram, mas viveram vidas vividas, com alegrias e tristezas.

Um dia os dois se cruzam. Ambos professores de uma universidade. Casualmente em um evento social se esbarraram e trocaram ideias. - Olá, tudo bem! - Joana com o olhar tímido encara Carlos. - Oi! Desculpe o mau jeito! Você ensina aqui também? - Olhares trocados, sorrisos insinuações e o improvável. Paixão! Carlos e Joana. Transgêneros que se apaixonam. “Drão, o amor da gente é como um grão… Ressuscitar no chão nossa semeadura!3.

O improvável e talvez o impensado se fez flor e germinou.

Só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo4.

Causando estranheza, para alguns ignorantes, caminham os dois pelos jardins quando podem se encontrar entre uma aula e outra. Bom mesmo é a liberdade de um beijo roubado, o oferecido é doce e o compartilhado melhor não há. “Haja fogo, haja guerra, haja guerra que há, eu também quero beijar5.

1. URBANA, Legião. Faroeste Caboclo. In: As quatro estações. Disponível em: Faroeste Caboclo guitar pro tab by Legiao Urbana @ musicnoteslib.com. Acesso em: 27 nov 2023.

2. ALCEU, Valença. Amor que fica. In: Leque moleque. Disponível em: Amor Que Fica - Alceu Valença – LETRAS.MUS.BR. Acesso em 27 nov 2023.

3, GIL, Gilberto. Drão. In; Perfil. Disponível em: Drão - Gilberto Gil - Cifra Club. Acesso em 27 nov 2023.

4. LISPECTOR, Clarice. Das vantagens de ser bobo. in: A descoberta do mundo. Rio de janeiro, Editora Rocco, 1999. Disponível em: Bobo - Pensador . Acesso em: 27 nov 2023.

5. GOMES, Pepeu. Eu também quero beijar. In: Warner 30 anos. Composição de: Fausto Nilo, Moraes Moreira e Pepeu Gomes. Disponível em: Eu também quero beijar - Pepeu Gomes - Cifra Club. Acesso em: 27 nov 2023.